A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição pulmonar progressiva que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Apesar de sua prevalência, a DPOC ainda é cercada por muitos mitos e mal-entendidos que podem dificultar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Neste artigo, vamos desmistificar os principais mitos, ajudando a esclarecer o que é essa doença, quem ela afeta e como conviver com ela da melhor maneira possível.
O que é a DPOC?
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é uma doença respiratória crônica que causa dificuldades na respiração devido à obstrução do fluxo de ar nos pulmões. Ela abrange condições como o enfisema e a bronquite crônica, que danificam as vias aéreas e comprometem a troca gasosa nos pulmões. Fatores como tabagismo, exposição a poluentes e, em alguns casos, predisposição genética são os principais responsáveis pelo desenvolvimento da DPOC. Embora não haja cura, tratamentos e mudanças no estilo de vida podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Principais Mitos sobre a DPOC
# Mito 1: Apenas fumantes desenvolvem DPOC
Um dos mitos mais comuns é que a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica afeta exclusivamente os fumantes. Embora o tabagismo seja o principal fator de risco, ele não é o único.
A exposição prolongada a poluentes ambientais, como fumaça de fogões a lenha, poeira, produtos químicos e até mesmo o fumo passivo, também pode causar a DPOC. Além disso, algumas pessoas podem desenvolver a doença devido a fatores genéticos, mesmo que nunca tenham fumado.
Estudos indicam que até 25% dos pacientes com a doença nunca fumaram. Portanto, é fundamental que todas as pessoas, fumantes ou não, estejam atentas aos sinais e busquem avaliação médica se necessário.
# Mito 2: A DPOC é uma doença exclusiva dos idosos
Embora seja mais frequente entre os idosos, a DPOC pode começar a se manifestar já na meia-idade, especialmente em fumantes ou em pessoas expostas a substâncias nocivas no ambiente de trabalho.
A progressão da doença também tende a ser mais rápida em fumantes, mas mesmo aqueles que nunca fumaram devem estar vigilantes quanto aos sintomas. Adultos jovens que foram expostos a poluentes ou que têm histórico familiar também podem desenvolver a doença.
# Mito 3: A DPOC é apenas uma “tosse de fumante”
Muitas pessoas subestimam os sintomas iniciais da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, acreditando que se trata apenas de uma “tosse de fumante”. Porém, esse pensamento pode atrasar o diagnóstico e permitir que a doença progrida para estágios mais avançados, onde os danos aos pulmões são mais graves e difíceis de tratar.
A tosse crônica e a falta de ar são sinais de alerta de que os pulmões estão sendo danificados. É crucial procurar ajuda médica ao observar esses sintomas para iniciar o tratamento o mais cedo possível.
# Mito 4: Não há nada que se possa fazer após o diagnóstico de DPOC
Algumas pessoas acreditam que, uma vez diagnosticada a DPOC, não há mais nada a ser feito. Esse mito é perigoso, pois pode levar ao abandono do tratamento e à falta de cuidados preventivos, o que pode piorar a condição.
Apesar de não haver cura para esta doença, tratamentos como medicamentos, terapias respiratórias, mudanças no estilo de vida (como parar de fumar) e reabilitação pulmonar podem controlar os sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, esses tratamentos podem retardar a progressão da doença, permitindo que os pacientes mantenham uma vida ativa por mais tempo.
# Mito 5: Exercício físico é perigoso para quem tem DPOC
Outro mito comum é que pessoas com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica devem evitar exercícios físicos, pois isso poderia agravar os sintomas. Na verdade, a inatividade pode enfraquecer ainda mais os músculos respiratórios, levando a uma piora da falta de ar.
O exercício físico controlado e supervisionado é altamente benéfico para pacientes com esta condição. Ele ajuda a fortalecer os músculos respiratórios, melhora a capacidade cardiovascular e contribui para a manutenção de um peso saudável, o que é crucial para o manejo da doença. Programas de reabilitação pulmonar são especialmente recomendados para orientar os pacientes sobre como se exercitar de forma segura e eficaz.
# Mito 6: A DPOC é contagiosa
Alguns podem acreditar que a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é uma doença contagiosa, confundindo seus sintomas com os de outras infecções respiratórias, como a tuberculose. No entanto, isso é completamente incorreto.
Esta doença é causada, principalmente, por fatores ambientais e genéticos, e não por agentes infecciosos. Portanto, não pode ser transmitida de uma pessoa para outra. O foco no controle da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica está na eliminação dos fatores de risco e no tratamento dos sintomas.
# Mito 7: A DPOC é uma doença rara
Apesar de muitos ainda não estarem familiarizados com a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, ela está longe de ser uma doença rara. De fato, de acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) pela metodologia Global Burden of Disease (GBD) – Brasil, a DPOC é a quinta causa de morte entre todas as idades, depois de doença isquêmica do coração, doença cerebrovascular, infecção de vias aéreas inferiores e Alzheimer e outras demências. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2019, a DPOC tenha sido responsável por cerca de 3,23 milhões de mortes em todo o mundo. Além disso, mais de 7 milhões de brasileiros são afetados por essa condição.
# Mito 8: Eu fumo há mais de 20 anos. Parar agora não fará diferença.
Há uma ideia equivocada de que, após muitos anos de tabagismo, parar de fumar não trará benefícios à saúde, especialmente para quem já sofre com a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. No entanto, isso está longe de ser verdade. Parar de fumar, independentemente do tempo de tabagismo, reduz significativamente o risco de eventos graves como infarto do miocárdio e também aumenta a expectativa de vida. Nunca é tarde demais para parar de fumar. Parar com o tabagismo não só melhora a função pulmonar como também reduz a progressão da DPOC, permitindo uma vida mais longa e saudável.
# Mito 9: A alimentação não influencia na DPOC
A dieta desempenha um papel crucial na gestão da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Estudos recentes indicam que padrões alimentares saudáveis estão associados a uma menor prevalência da doença, enquanto dietas não saudáveis podem exacerbar os sintomas.
Além disso, o peso também é um fator importante a considerar: pessoas com bronquite crônica tendem a ser obesas, enquanto aquelas com enfisema pulmonar frequentemente apresentam baixo peso e caquexia (perda severa de peso e massa muscular). Portanto, adotar uma dieta equilibrada e manter um peso saudável são estratégias fundamentais para melhorar a qualidade de vida e controlar a progressão da DPOC.
# Mito 10: Quem tem DPOC não pode viajar de avião
Viajar de avião é possível para pessoas com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, mas requer alguns cuidados especiais. A redução da pressão do ar na cabine do avião pode afetar os níveis de oxigênio no sangue, e alguns pacientes podem precisar de ajustes na medicação ou de oxigênio suplementar durante o voo.
Por isso, é fundamental discutir os planos de viagem com um médico, que pode fornecer orientações específicas, prescrever oxigenoterapia se necessário, e preparar uma carta detalhando os medicamentos que você utiliza. Com as precauções adequadas, viajar de avião pode ser seguro e confortável para quem tem esta condição de saúde.
Desvendar os mitos e verdades sobre a DPOC é essencial para aumentar a conscientização sobre essa condição. Embora seja uma doença séria, com o conhecimento certo e tratamento adequado é possível viver bem e controlar os sintomas.
Se você ou alguém que conhece apresenta sinais de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, não hesite em procurar ajuda médica. Com as informações corretas e o suporte adequado, é possível melhorar a qualidade de vida e manter uma rotina saudável. Conte com a Somed e nossa equipe de pneumologistas para lhe ajudar! Agende sua consulta clicando aqui.
